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01 janeiro 2008

Primeiro Dia de Um Ano



Foto: Minha autoria



E se eu fosse uma pequenina brisa que sopra sem o saber? Uma brisa que, ao encontrar tempestades, treme de frio cinzento? Talvez o seja, mas qual barco em revolto mar, anseio pelo porto onde largar minha âncora.

As névoas debotadas de minha alma batem que nem meu coração, perdidas na imensidão do não saber, na ignorância da tristeza, em supostas descobertas, também elas frias, cinzentas e desgastadas.

Nada sou! Nem brisa, nem gente… apenas pensamentos vagos e incertos, umas vezes desgarrados, outras amontoados e sem sentido.

Bela? Quem não o é? A beleza constrói-se em narcísicos desesperos e patéticas justificações. Tenho a beleza do meu interior que apenas sei ingénuo.

Estou cansada de nada saber, cansada das descobertas que não sei, cansada de viver e de morrer, cansada de mim e dos outros, das minhas felicidades construídas em idealismos desfasados, das minhas soluções e crenças mal formadas, que nunca dão em nada.

Tenho um medo incrível de me sentir fora da realidade dos outros e ainda mais da minha. Medo de ser e não ser.

Pensei mudar (mais uma vez), desta para pior, já que o contrário não tem surtido efeito. Contra a minha formação tentei ir. E não me estava a sair mal, até que, de repente, a chuva caiu em fustigadas investidas e me fez gelar as intenções.

Imagine-se, já nem sei que mudanças fazer em mim.

E tudo poderia ser tão simples quanto a brisa que sopra calma em noites de Verão, onde os meus olhos, cheios de estrelas, se carregam de gaiata esperança, sem espelhos a desmascarar.

Sou feita de sentimentos, onde está minha razão?