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08 abril 2008

8 ANOS!!!!!!



Deveria olhar o Céu e abençoar-te com sorrisos, mas quando o faço saem estes desfigurados, cheios de mágoa e saudade, febris.

Continuas a fazer-me falta!

Tenho pensado na morte, não porque a queira, nada disso, ela tem batido ao de leve no meu pensamento, deixa-me uma marca de medo indecifrável, como se eu morresse e continuasse viva. Não sei como se respira na fronteira entre os dois estados e fico aflita, desamparada, numa escuridão triste e imensa.

Onde andas tu? Soubesse eu que iria para o teu lado e deixava de ter tanto medo, mas a tua mão não se faz sentir, nem os teus risinhos, finos e infantis.

Ontem lembrei-me de ti com uma intensidade que doía. Levei o livro, carinhosamente elaborado por tua mãe, para a mesa onde jantava com o meu filho e dois amigos. Na capa tu, com aquele porte majestoso, dentro a tua cédula pessoal, as tuas fotos, as tuas receitas, desenhos, cartas, depoimentos de amigos e familiares...

Não tinha vontade de jantar, queria falar de ti. Abri o livro e li em voz alta alguns passos, mas de repente as lágrimas saltaram, deixei de ver as letrinhas que te traziam a mim, a voz embargou-se em soluço abafado e apeteceu-me correr, correr muito pela rua, ao frio, à chuva, correr aos gritos… chamar-te o mais alto que pudesse para que fosse até ti esta dor lancinante de saudade e tivesses pena de mim, finalmente aparecesses, assim, como se me tivesses pregado uma partida de mau gosto… simplesmente aparecesses e me desses uma explicação, ou não… tanto fazia, que o que eu queria mesmo era abraçar-te e nunca mais deixar que te afastasses de mim.

NUNCA MAIS!

Não consigo deixar de ter raiva e já nem quero saber se é por egoísmo que a sinto - NÃO QUERO SABER! - quero que estejas comigo, ao pé de mim, sempre, sempre, sempre… a envelhecer comigo, a rir comigo, a chorar comigo, a relembrar este pesadelo que é a tua morte, contigo a rir às bandeiras despregadas e a secar-me as lágrimas, enquanto no meu desalmado choro te ralho pelo susto. Mas se tal não é possível - estou farta de me “beliscar” e tu continuas sem aparecer, minha querida amiga – guarda um cantinho bem ao teu lado e, quando eu me for, guia-me até ti, que tenho tanto medo de não te encontrar mais.

Quando for noite, minha querida e a minha solidão for ainda maior, enche o meu sótão com a tua presença e aconchega os meus lençóis, que tenho sentido cada vez mais frio.

E chove, minha amiga, exactamente como no dia em que adormeceste e eu desejei tanto o teu acordar. Chove, mas deve ser por minha causa e de todos aqueles que te amam, porque, aí em cima já encontraste amigos e a esta hora deves estar a combinar tertúlias incríveis, a incentivá-los, a dar-lhes força e alegria.

Até cá abaixo chega o teu olhar lindo, cheio de mel, a tua voz de sussurro encantado e o teu contagiante riso:

“- Vá pessoal mexam-se, vamos saltar as nuvens… bora… bora…”.