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26 junho 2011

Pequenas grandes coisas

Passei uns dias agradáveis em casa.

Carpintei, jardinei, cavei, limpei, electricidei (lol), e, ainda, fui dona de casa e convivi com os mais próximos de mim (filho e namorada, sobrinha e marido, irmão e namorada) num jantarito, ontem, no quintal, onde, inevitavelmente, devo ter engolido uns mosquititos endiabrados que resolveram importunar.

Deliciadíssima no meu quintal, sem querer saber quem poderia ver-me em chinelos e calções, desgrenhada e suja, de pá, tesoura, vassoura ou mangueira de rega na mão, dancei passos complicados e inventados, assobiei e cantei montes de canções que saíam a correr da minha salita em forma de rock, jazz, swing, pop...

Hummmmm parti-me toda com tantos esforços, cheguei a andar encarquilhada, fiz bolhas entre os dedos de unhas enegrecidas de terra e engrossados e secos de tanto esforço.

Fiz figuras ridículas nas fugas saltitantes e ruidosas ao avistar aranhas, centopeias e todo o tipo de bichinho que habita sem pagar renda nos meus domínios.

Atendi telefonemas, fiz telefonemas. Parei a contemplar as minhas obras (que nunca revelam a trabalheira que me dão), sentada no chão quente de tijoleira ao sabor de um cigarro.

Mas o que me espantou foram as lágrimas que escorreram pelo meu rosto quando deitei a minha pessoa e a felicidade que se me colou à alma sobre o murete que divide a minha casa da dos meus vizinhos e me deliciei, uma boa meia hora, a olhar o céu e tudo o que por lá passava, ao som da música que do meu ipod continuava a correr por entre filamentos até às colunas, transformando-se em delicioso milagre.

Por vezes consigo ser tão feliz que até dói.