Foto: minha autoria
Olho os fios que me levariam a ti. Parecem-me firmes, fáceis de agarrar.
É tão fácil imaginar que do outro lado a felicidade aguarda.
Sentir a calmaria revelada no sorriso, em silêncio, imaginado e sentido, forte.
Avanço… Deparo com a penumbra crepitante das achas da lareira.
Eu, sentada no chão, como gosto, cabeça pousada em teu regaço. Em resposta, as tuas mãos gretadas, quase rudes, a festejarem meu rosto… e eu a deixar, a senti-las em veludo, deliciada e mole, agradecida pelas estórias que me vais contar.
Eu, a tentar agarrar uma das tuas mãos, para as beijar, acariciar…
Mas, os fios subdividem-se no seu final e, mais finos se tornam, cortam-me as mãos, que teimam em não os largar…
Eu, a largá-los, a deixar escapar… sempre.
Não quero tempestades nascidas da calmaria, não ouso meu sangue coagular em soluços de silêncio inquebrável.
E eu, estupefacta, a matar a dor pelo cerne, a esquecê-la.
Eu, a sair vencedora e vencida.
E, no entanto, no sonho, como parecem infinitamente belos o querer… o desejar…