Páginas

14 setembro 2013

Uma Noite



O silêncio da noite, carregado de cheiros, entrava pela janela semi-aberta.

Eram cheiros de penumbra de Verão, em catrapiscares constantes.

Cheiros de liberdade desenfreada, com sabor a maresia e rumores de ondas a rebentarem de felicidade.

Queria mais, muito mais que aquele silêncio em abandono.

Ao longe, a travagem do vento a embater nas folhas das árvores - a lembrar sibilos ocultos -, a impregnar o ar de mistério e a dobrar malmequeres e papoilas.

Era uma noite de encantos vários.

 Uma noite de fadas, de lanternas mágicas e de estrelas a polvilharem o ar de pozinhos de perlimpimpim.

Ao longe, ainda mais ao longe, o piar nocturno de uma ave - incomodada pelo calor – bicava a noite: saboreava-a.

De olhos fechados, era perfeito o seu desenhar.

Mas queria mais, muito mais.

Queria agarrar a noite, não uma qualquer, mas aquela que lhe entrava nessa exacta noite, pela janela semi-aberta.

Uma noite cheia de cheiros imaginários, de sonhos por sonhar, de verdades escondidas, de fictícias realidades.

Era uma noite carregada de pirilampos, de borboletas e joaninhas.

Uma noite feita de longes e pertos,



2 comentários:

a_ciganita disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
a_ciganita disse...

Gostei e,tal como a ave, consegui saborear a noite de que falas.

(João Rafael - impossibilitado de decifrar os arabescos malvados).