O
silêncio da noite, carregado de cheiros, entrava pela janela semi-aberta.
Eram
cheiros de penumbra de Verão, em catrapiscares constantes.
Cheiros
de liberdade desenfreada, com sabor a maresia e rumores de ondas a rebentarem
de felicidade.
Queria
mais, muito mais que aquele silêncio em abandono.
Ao
longe, a travagem do vento a embater nas folhas das árvores - a lembrar sibilos
ocultos -, a impregnar o ar de mistério e a dobrar malmequeres e papoilas.
Era
uma noite de encantos vários.
Uma noite de fadas, de lanternas mágicas e de
estrelas a polvilharem o ar de pozinhos de perlimpimpim.
Ao
longe, ainda mais ao longe, o piar nocturno de uma ave - incomodada pelo calor
– bicava a noite: saboreava-a.
De
olhos fechados, era perfeito o seu desenhar.
Mas queria
mais, muito mais.
Queria
agarrar a noite, não uma qualquer, mas aquela que lhe entrava nessa exacta noite, pela
janela semi-aberta.
Uma
noite cheia de cheiros imaginários, de sonhos por sonhar, de verdades
escondidas, de fictícias realidades.
Era
uma noite carregada de pirilampos, de borboletas e joaninhas.
Uma
noite feita de longes e pertos,
2 comentários:
Gostei e,tal como a ave, consegui saborear a noite de que falas.
(João Rafael - impossibilitado de decifrar os arabescos malvados).
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