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26 novembro 2014

Vuelvo al Sur




Vuelvo al Sur, regresso al amor. . . e tantas outras composições de Astor Piazzolla - com o enorme violoncelista Yo Yo Ma - têm-me acompanhado (repetidamente e sem enjoos) há alguns dias. Acompanham não só a mim, mas à leitura, que me engole durante as viagens de comboio e metro e me vomitam para o mundo real, onde visto indumentárias menos agradáveis.

Astor conseguiu a minha pessoa no seu total, com temas deliciosos, pejados de uma estranha e melancólica desenvoltura (e não serão estes os ingredientes da melancolia?).

Certo é que enquanto viajo pelos meandros absorventes da leitura, a música agarra todas as pregas do meu tecido corporal, entranha-se e viaja - ela também - até me invadir a alma, saltar para o cérebro e mergulhar despudoradamente de sinapse em sinapse - vestida de cores cinza-sépia.

A voz de Goyeneche - roufenha do tabaco e aguardente -, cheia de emoções, cheia de dores, esperanças, enganos, alegrias... e o meu livro, a despojar ânsias ficcionadas de adivinhação policial e meninices de poeta, enriquecem-me até à exaltação.

Como é difícil chegar ao meu destino!

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