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26 janeiro 2007

Ridícula... Eu?!






Não faço juízos das pessoas pelo seu exterior!

Recordo-me de, em idade jovem, escutar opiniões de amigas minhas sobre o que ficava ou deixava de ficar bem a determinadas pessoas. Referiam-se ao invólucro – roupas, sapatos, cores de cabelos, penteados, estilos. Sempre tive a capacidade de desnudar tudo e todos. Por que raio as pessoas tinham de se vestir e arranjar consoante a idade? Para mim tanto fazia. As minhas amigas olhavam-me incrédulas. Choviam recriminações em forma de acusação e vice-versa. Na realidade eu não reparava nessas coisas. Ficava incomodada quando me perguntavam o parecer sobre a indumentária que fulana de tal usava. Se queriam a minha opinião deveriam ter perguntado mais cedo, antes que a pessoa tivesse desaparecido. Era-me impossível lembrar cores ou feitios quando nem sequer sabia se eram calças, saias, ou fosse o que fosse que vestiam. Decerto nuas não estavam.

Dêem-me um sorriso, um pequenino gesto, talvez uma palavrinha em forma de olhar, assim como quem mergulha em almas. Aí, eu capto! Hoje, continuo a ser, naquele campo, verdadeiramente inútil.

Só que acordei em tristeza tamanha que, ao olhar para o espelho, fui esbofeteada em autocríticas. “- Estás velhota, minha amiga! Cadavérica, enrugada… macilenta. E que teimosia a tua em vestires como as teenagers… E o cabelo?!!!... todo despenteado, madeixas cor-de-laranja!??!... é que nem é cajú… é laranja vivo! Será que o ridículo não se estampou em ti?”

Foi exactamente neste ponto que me lembrei das minhas amigas e das suas críticas acérrimas.

Como estarão elas? Lembrar-se-ão dos seus olhares de esguelha?, da necessidade de desconstruírem?, de falar mal?, de invadirem da pior forma o mundo alheio?, ou encontrar-se-ão hoje no lugar das que criticavam, sem se darem conta (o que dá imenso jeito)?

Levo anos a mudar a minha forma de vestir e de calçar, detesto boutiques, não sigo a moda. As calças de ganga, saias, casaquinhos, T-shirts, casacos, blusões, sapatos, botas, ténis… duram e repetem-se por longos anos, até estoirarem, com grande pena minha, que, quando gosto, uso e uso e uso e fico triste quando já não dá para usar mais. Por isso tenho roupas repetidas, parece que ando sempre com o mesmo. Sou defensora do “vestir lavado” e não do “vestir a moda”. Curioso se torna quando a moda, por ser cíclica, vem ao encontro da minha forma de vestir e calçar. É um ver de senhoras com botas por cima das calças, as mesmas que me diziam: “- Não gosto de te ver assim!”, e o cabelo??? Ui… “Acho que exageras nas tuas madeixas laranjas… são bonitas e até ficam bem com o tom acobreado que tem o teu cabelo, mas…!”.

Hoje de manhã… fui eu que olhei para as madeixas. Gosto delas, muito até! Então, por que raio me preocupo em questionar se serão adequadas à minha idade? E a ganga justa? E o despenteado? Eu que sempre detestei o alinhado, o simétrico, o certinho.

Pergunto-me qual será a cor predominante do meu cabelo. Branco?

Pensamentos do dia: “Espero que as minhas tintas não se esgotem! E que, por ser mulher, não fique careca!... Um dia farei uma plástica!”

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