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17 janeiro 2006

Até Sempre

Minha querida amiga.

Morreste e o mundo ficou mais pequeno e sem graça.

Acordo e um pouco da minha alegria deixa-se ficar dormindo. Não há motivos para rir, sabendo que morreste, que esse teu riso quente e envolvente só existirá na minha lembrança. Dói bem fundo!
Tenho saudades! Morro de saudades!

Sinto raiva, mais que tristeza!

No dia dos teus anos chorei enquanto olhava o Céu. Este, raiado de fios laranjas, trazia no ar o cheiro da Primavera dentro do Verão. Fumei um cigarro, sentada no chão, à entrada da casa de um amigo meu e lembrei-me mais uma vez dos nossos anos e da impossibilidade de os festejarmos de novo juntas.

Lembras?

Toda a gente me dizia que dava azar festejar os anos antes de os fazer – que era o meu caso - mas parece que não tiveram razão, pois não?... Ou tiveram?

Partiste minha amiga. Não sei se existe vida para além da morte, mas eu por cá estou triste e não me consolo. Assim, e de forma profundamente egoísta, perdoa-me, mas acho que afinal tive azar. Azar por ter ficado sem ti, azar por continuar a lutar pela vida, sem a tua ajuda, sem o teu sorriso sem a tua dádiva, essa tua maneira simples e admirada de ver e sentir o mundo, numa incessante alegre e contagiante descoberta.

Lamento!

Fica-me o teu riso, infantil, sonante e verdadeiro. Tão querido, tão único. Fica-me ainda as nossas conversas, as nossas brincadeiras, os nossos sonhos, fantasias, inventos, fica-me as consentidas “escapadelas” aos nossos maridos, para inocentemente bebermos um copo no “Copo de Três”. Só nós duas... e as nossas profundas, ainda que leves conversas, com o usual feedback.

Tínhamos tanto em comum. Tu gostavas tanto de mim, eu... gosto tanto de ti minha amiga!

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