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12 janeiro 2006

Hum!!!!


Estou mais pequenina que os meus pequenos mundos. Sinto-me envergonhada, medrosa, desajustada, com sensações idênticas àquelas que cada ser humano sente quando acaba de "dar um fora" e deseja um buraquinho onde se esconder, ou quando conta uma piada que nem um sorriso amarelo despoleta e ao invés de se calar teima em esmiuçá-la, quando já ninguém ouve. Assim me encontro.

Cadê a veia artística? Estou anémica diante tantos escritos que leio. Pequenina, digo eu, quase inexistente, pior que insegura.

Tento pensar que nada me incomoda, que escrever é algo que faço porque me apetece, porque gosto, porque me transporta pelos pequenos mundos que tento descrever. Um círculo vicioso, um viajar desajeitado, feito de bilhetes baratos, mas aos quais me agarro com unhas e dentes e dos quais não me esqueço nem abdico, são meus.

Cheguei à altura em que percebo que me podem ler... os abutres, os mauzinhos, os ilustres conhecedores das técnicas do bem escrever (ai ai), os detentores do dom da palavra, os imaginativos... Ah pois... todos me podem ler. Agora é que é...

Se tal acontece, que resultará daqui? Não sei! Confesso que só dei conta desta situação hoje (dois dias após a criação do meu bloguinho), quando percebi que não sei se gosto que me leiam e, de olhos fechados, fiz rolar o cursor até aos comentários e, ansiosa, os abri (aos olhos) e... nada, nem um comentariozito. Foi nesse exacto momento que respirei aliviada e julgo ter deixado escapar um "Uf, que bom", para logo de seguida sentir uma triste dorzita e pensar "Uf, que chato, ninguém leu" ou, pior, muito pior " ninguém gostou, não vale nada para os outros!".

Claro está que me consolei... vale para mim e mais isto e mais aquilo e preu peu peu, etc., etc., mas... sinto-me gravemente apunhalada, estou ferida (e está um frio de rachar que em nada ajuda esta consolação), afinal quem se julgam eles??? Hum???

Tudo por causa dos Hemingways, dos Huxleys, para não falar dos desgraçados Kerouacs, que escrevem como quem se lambuza de chocolate, após uma boa pinga, ou snifadela, e que pegam nesta alma tão cheia de viagens deles, fazendo-a pensar que os entende, que se identifica, que poderia até ser um deles. Ah pois podia, podia sim senhor!

Depois lembrei-me das Ferros e das Pintos e todos os que escrevem por dá cá aquela palha e que não precisam de musa alguma. Escrevem sem medo, de peito aberto, sem se esgotarem (mesmo que plagiando ou repetindo-se). Estão lá!

Lá vou eu ter de me resumir e concluir: Isto é bem mais difícil de suportar que os papéis amarelecidos pelo tempo, que abundam pelas minhas coisas, por mim garatujados, dobrados ou amarrotados, os quais me surpreendem e teimo em guardar, testemunho de dores e alegrias, cheios de cor e cheiros, pobres de estilo, mas muito meus.

4 comentários:

nyaque disse...

no te sientas asi mujer todo tiene solucion!! aunque no se muy bien d lo q estas hablando... asi que solo puedo darte muchoas animos y fuerzas desde valencia.

a_ciganita disse...

Obrigada pelo primeiro comentário aos meus escritos, obrigada pela força, obrigada... ainda que digas "aunque no se muy bien d lo q estas hablando..."

Anónimo disse...

Sendo que, a meu ver, as Ferros pouco têm a ver com as Pintos, não deixo de concordar contigo na tua mágoa de pensares que não és lida.

E, antes que alguém te leia, seja por vontade, curiosidade, amizade ou, até, para se rever ou mesmo te invejar no que escreves, já experimentaste sair de fora de ti e ler-te de fora, como se fosse a primeira vez que visses essas (tuas) palavras, e deixares que elas se entranhem em ti?

Experimenta que vais gostar. Comentários? Para quê?

Nelson disse...

…"Uf, que chato, ninguém leu" ou, pior, muito pior " ninguém gostou, não vale nada para os outros!"…

Eu li e gostei

Nelson